Nestes
dias de festividades familiares, entre o Natal e o Ano Novo, vários
acontecimentos e declarações dignas de relevo aconteceram.
Soubemos
da privatização de uma empresa pública lucrativa, ouvimos as declarações do
Secretário de Estado da Saúde e soubemos que o Orçamento de Estado para 2013
foi promulgado pelo Sr. Presidente da Republica.
Contudo,
o Movimento de Utentes de Saúde Pública (MUSP) do Distrito de Évora, não pode
ficar indiferente às declarações feitas pelo Secretário de Estado da Saúde,
sobre a necessidade dos cidadãos reduzirem o acesso aos serviços de saúde do Serviço
Nacional de Saúde (SNS).
Consideramos
importante sim, todas as medidas de prevenção, mas mais importante ainda é
assegurar o acesso à saúde
consagrado na Constituição da Republica Portuguesa em que o direito à saúde
deveria ser Universal, geral e gratuito para todos os portugueses,
independentemente da sua situação económica e social. Alertamos que compete
sobretudo ao Estado a tarefa de seguir uma política de prevenção das doenças e
não responsabilizar individualmente apenas e só, os portugueses, dizendo que há
uma enorme margem potencial de poupança que está nas mãos dos cidadãos,
entendendo nós esta afirmação como uma “receita” dada pelo Secretário de Estado
da saúde, para tornar sustentável o SNS.
O
MUSP lamenta que estas declarações tenham sido feitas pelo Secretário de Estado
da saúde, o qual faz parte de um Governo que tem contribuído para a destruição
do SNS e que, em muito, tem contribuído para o agravamento de doenças e não
para a sua prevenção. Podemos descrever muitas das situações que comprovam o
contributo do Governo para a destruição do SNS e para o agravamento das doenças
dos portugueses, tal como, a falta de médico de família, enfermeiros e outros
profissionais de saúde; o excessivo tempo de espera para uma consulta da
especialidade e para uma cirurgia; os aumentos brutais das taxas moderadoras e
dos medicamentos; o corte das credenciais de transporte a doentes não urgentes;
o encerramento de serviços de proximidade sem alternativas credíveis.
É
vergonhoso que este mesmo Secretário de Estado tenha vindo afirmar que foi no
Alentejo onde diminuíram mais as despesas com os transportes de doentes não
urgentes. Faltou-lhe a coragem para afirmar quantas vidas se perderam no
Alentejo por falta de assistência, muitos deles foram doentes que não continuaram
os tratamentos devido à falta de dinheiro para pagar do seu bolso o referido
transporte.
Perante
todas estas questões é preciso perguntar ao Sr. Secretário de Estado da Saúde e ao Governo se já foi
tomada alguma medida que contribua para a prevenção da doença??? Sim, porque até agora no conjunto das políticas
seguidas pelo
governo, nas mais diversas áreas, têm-se sentido um agravamento da doença e não
a sua prevenção.
Vamos
ser realistas, o apelo do Secretário de Estado da saúde é ridículo, pois todos
sabemos que não está apenas nas mãos dos utentes a prevenção das suas doenças.
Consideramos que é necessário alguns cuidados por parte dos cidadãos, mas isso
também implica mais intervenção do Estado na forma de prevenção da doença,
começando em 1º lugar por assegurar os serviços mínimos no SNS conseguindo
detetar doenças patológicas a tempo dos tratamentos adequados. Implementar a prevenção
de doenças nas escolas (problemas ligados ao tabaco e uso de estupefacientes) e
corrigir estilos de vida utilizando uma alimentação mais saudável, em que mais
uma vez é resultado das condições de vida dos portugueses, com o aumento do
desemprego e com a redução de apoios sociais no geral.
É
com muita tristeza que a única conclusão que podemos tirar destas declarações
”receita” é que para o Governo, se os portugueses querem ter um SNS, não podem
adoecer, como se fosse uma escolha que estivesse ao alcance dos cidadãos…
O MUSP vai lutar contra as
injustiças, contribuindo na construção de um futuro com dignidade para todos os
Portugueses.
Évora,
2 de Janeiro de 2013
Pelo
MUSP,
Sílvia
Santos
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